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Este é o blog Maxsuel Xapuri, um espaço democrático onde são expostas e aceitas idéias e opiniões sobre os mais variados temas. Este espaço foi criado por vocês e para vocês, portanto, participe, acesse sempre e deixe seus comentários.



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Bira na Frente



No último final de semana estive recarregando as baterias em nossa querida Xapuri. Os dias foram curtos, apenas dois, mas o suficiente para revigorar o corpo e a mente, encontrando bons amigos, recebendo o carinho de familiares, além de desfrutar do ar puro que, como sempre digo, só se respira em Xapuri.
Ao andar pelas ruas da velha princesa a constatação é inevitável: Xapuri virou um canteiro de obras. O programa "Ruas do Povo" tomou a cidade, fazendo a pavimentação de ruas que antes, principalmente no inverno, eram intrafegáveis. O melhor é que o programa contemplou primeiramente os bairros mais carentes do município, levando alegria e uma sensação de maior dignidade para quem mais precisa. Pude perceber numa pequena conversa que tive com moradores de um dos bairros beneficiados que a sensação é comum entre eles, todos se sentem mais respeitados, mais valorizados.
Outra constatação inevitável é o valor político dessas obras. A alegação da oposição xapuriense de que a prefeitura não possui mérito algum na realização dos calçamentos, pode até ser verdadeira, mas não vem surtindo muito efeito entre os populares. Digo sem medo de errar que o programa Ruas do Povo alavancou as intenções de voto do atual prefeito, nos bairros beneficiados, numa proporção que nem mesmo os petistas mais confiantes poderiam prever.
Com a realização desse programa, a máquina municipal na mão e o governador Tião Viana como maior cabo eleitoral, me arrisco a dizer que o prefeito Bira saiu na frente em relação aos demais pré-candidatos à prefeitura nas eleições do ano que vem.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Noite da Seresta


A História da música xapuriense certamente se confunde com a história de um músico em especial. Trata-se do grande mestre e maestro Antônio Cosmo da Rocha, ou simplesmente Magão. Para minha grata surpresa, recebi um e-mail no qual Magão me convida para participar da "Noite da Seresta", que será realizada no próximo dia 04/11 no Clube Sumaré, em Xapuri.
A melhor notícia fica por conta da formação do Grupo Flash Back, formado por Magão, Luiz Beleza e convidados, grupo que animará a seresta com sucessos tocados nos bailes xapurienses nas décadas de 70, 80 e 90. Pela história e gabarito dos músicos que tocarão, essa seresta promete parar Xapuri.
Adquira sua mesa com antecedência, nos telefones que aparecem no convite acima.
Ao grande Magão, todo meu carinho e agradecimentos por lembrar deste blogueiro que também é um amante da boa música.
Clique na imagem para ampliá-la e leia o convite.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Papo Xapuriense


Assim como prometido, mesmo que com um dia de atraso, esta edição do papo xapuriense traz o professor universitário Carlos Estevão Ferreira Castelo.

Acompanhe abaixo os principais trechos do papo:

Maxsuel: A tua tese de doutorado é voltada a Xapuri?

Carlos: Sim, surgiu a oportunidade de fazer esse doutorado pela USP, que é uma universidade conceituadíssima do Brasil e eu resolvi fazer, mesmo não estando na minha zona de conforto, afinal, sou economista e o doutorado é na área de História, mas tenho estudado bastante e nesse início de trabalho já tenho levantado muita coisa boa. Estou trabalhando com entrevistas de história oral, com ênfase nas histórias de vida, meu interesse é mostrar o que mudou no modo de vida dos seringueiros nesse período após a morte de Chico Mendes. Ainda estou na fase de levantamento de dados, mas já tenho identificado coisas bem interessantes, como os hábitos de consumo, por exemplo, todos os seringueiros com quem conversei querem ter uma moto, uma antena parabólica, é o chamado desejo de cidade.

Maxsuel: Já que começamos falando sobre histórias de vida, gostaria que você falasse um pouco sobre sua trajetória.

Carlos: Bem, nasci em Xapuri e sempre estudei no Divina Providência, até o primeiro ano do segundo grau, quando me mudei pra Rio Branco para terminar o segundo grau e me preparar para entrar na universidade. Da minha turma do segundo grau a grande maioria queria entrar na universidade no curso de economia e eu fui no embalo, fiz o vestibular pra economia e passei, pra surpresa de todos, inclusive da minha família que queria que eu fosse médico. No início não me identifiquei com o curso, mas aos poucos fui gostando, naquela época os professores do curso participavam muito da reflexão sobre o desenvolvimento do estado e eu comecei a achar interessante todos aqueles debates políticos e econômicos, esquerda contra direita e aí consegui concluir o curso. Assim que terminei a graduação surgiu um concurso para professor substituto da UFAC, eu fiz e passei. Um ano depois abriu um novo concurso, dessa vez para professor efetivo, aí eu já estava gostando da economia e mais do que isso: da educação, isso é o que me motivava e me motiva até hoje, essa questão do ensino-aprendizagem, da educação me interessa e me motiva muito, mais até do que a pesquisa. Depois de aprovado como professor efetivo, estava na hora do mestrado e aí fiz a seleção para o mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina e passei, foi uma experiência muito válida, estudei muito sobre gestão empresarial, engenharia econômica e comecei a estudar sobre um tema que estava na moda naquele tempo que era o Empreendedorismo, tinha até decidido fazer meu doutorado sobre esse tema, mas acabou não dando certo por que tive que assumir a coordenação do curso de economia, o que não foi muito bom pra mim. Depois de dois anos saí da coordenação e continuo na UFAC como professor. Na verdade sempre trabalhei como professor e pesquisador, mas como no mestrado estudei muito sobre engenharia de produção, tive contato e estudei um pouco sobre ferramentas de gestão empresarial, que são muito utilizadas principalmente por indústrias, por isso comecei a ser chamado para dar palestras e consultorias nessa área, mas o que eu gosto mesmo é da sala de aula, lá é onde me sinto mais à vontade.

Maxsuel: E quando você chega a Xapuri hoje, com toda essa bagagem técnica e teórica, como enxerga a cidade?

Carlos: Olha, eu tenho uma ligação com Xapuri muito grande, boa parte da minha família mora lá e eu sempre estou em Xapuri. As pessoas podem não me ver muito por lá, mas é por que fico mais em casa, não sou muito de sair à noite, mas tenho um vínculo muito forte com Xapuri, tanto que por todos os lugares do Brasil que eu ando, todos os colegas me chamam logo de xapuriense, lá vem o xapuriense...(risos). E por essa ligação eu sempre tive algo dentro de mim que queria fazer alguma coisa por Xapuri, mas algo concreto, e tive a oportunidade de fazer agora com essa orientação aos alunos do curso de economia. Dos professores efetivos do curso, apenas dois ou três toparam participar do projeto e eu fui um deles, só porque era Xapuri. Eu já tinha tentado ajudar antes, participando do grupo que o Rubinho criou, o "Filhos e amigos de Xapuri”, mas por alguns motivos esse grupo não foi adiante e aí eu queria de alguma forma retribuir alguma coisa pra Xapuri, essa orientação me deu essa sensação de poder ajudar Xapuri. Sobre a situação atual, acho que faltam iniciativas e participação popular, se ficar esperando que o prefeito A ou B resolva sozinho os problemas da cidade, a coisa não anda, tem que haver mais interesse da população, mais envolvimento nas decisões sobre o futuro que queremos para nossa cidade, que futuro nós queremos? Acho também que estamos tendo uma oportunidade única que inclusive já está passando, que são os governos da Frente Popular, esses governos poderiam ter sido mais aproveitados pelas pessoas que administraram Xapuri, o cavalo está passando celado e nós não montamos e estamos o deixando passar. Outra coisa que gostaria de citar é o modelo de gestão, vejo muito gerencialismo, enquanto que a gestão social é deixada de lado. O gerencialismo consiste em levar ferramentas do setor privado para dentro da administração pública, pode até ser interessante, mas as pessoas acabam esquecendo que um cidadão é muito maior do que um cliente satisfeito. No Acre o gerencialismo se tornou muito forte, tanto é que se criou a figura do Gestor Público, o governo financia para seus assessores cursos de gestão de projetos, enfim, só ferramentas utilizadas na gestão privada, enquanto a participação popular é esquecida. Em Xapuri seria muito interessante abrir as decisões sobre a cidade para a população, porque quando você envolve a população você compromete as pessoas, mas é abrir de verdade, abrir o orçamento, mostrar quanto o município tem e decidir junto com o povo onde esses recursos serão investidos. Eu sou muito cuidadoso em relação a criticar as administrações, apontar soluções, dizer que o caminho certo é esse ou aquele, acho que isso é um processo de construção que tem que ser discutido por toda a população de Xapuri.

Maxsuel: Certa vez vi uma frase sua no twitter que dizia algo sobre Xapuri receber royalties do governo do estado. Como seria isso?

Carlos: É uma brincadeira que fiz (risos), mas uma brincadeira com muito sentido. Se você pegar os projetos elaborados pelos governos da Frente Popular, que foram enviados ao Banco Mundial e a outras instituições de crédito com o fim de receber financiamentos, você vai notar uma evidência muito forte, evidência é algo que se repete e essa evidência é o nome de Xapuri e o nome de Chico Mendes. O governo se utilizou em larga escala desses dois nomes para conseguir atrair muito dinheiro para o Acre, nem acho que isso seja errado, é legítimo, só acho que muito pouco desse dinheiro foi direcionado para Xapuri, muita pouca coisa, por isso que falei que deveriam pagar royalties pra Xapuri pelo tanto que ela teve seu nome explorado para trazer dinheiro pro Acre. Aí é onde entra a falta de iniciativa, faltou um pouco de coragem dos nossos gestores pra bater na mesa e cobrar do governo mais investimento, mais recursos, apresentar projetos, afinal, nosso nome pode ser usado, mas nossos problemas também precisam ser resolvidos, e uma coisa é certa: Dinheiro tem. Nessa perspectiva, acho que os governos da Frente Popular poderiam ter olhado com mais carinho para Xapuri, principalmente o governo Binho, que eu acho que não foi nada generoso com nossa cidade.

Maxsuel: E o cenário político? Se a Frente Popular sair do poder “o cavalo” terá passado de vez?

Carlos: Independentemente do partido A ou B, do candidato A ou B, acho que o que importa é ter iniciativa e participação popular. Capacidade técnica é importante sim, mas é preciso também ter capacidade política, não adianta ser doutor em gestão e não reunir outros elementos fundamentais. Ouço as pessoas falando: “o Angelim é técnico, o Bira é um bom técnico", só isso não adianta. Claro que não adianta também ser desprovido de qualquer conhecimento técnico, tem que saber unir as coisas. O Lula, por exemplo, não era um técnico, mas conseguiu reunir uma boa equipe para fazer as coisas acontecerem. Então, um prefeito que tenha iniciativa, capacidade de trabalho e que envolva a população pode fazer Xapuri avançar muito. Com a população comprometida, unida, brigando junto, não teria acontecido, por exemplo, o que aconteceu na época do Vanderlei, quando o governo do estado virou as costas pro município. Se naquela ocasião o povo tivesse envolvido não teria permitido aquilo, teria ido pra BR e fechado aquele acesso pra Brasiléia. Mas o que acontece é que a população fica esperando que o prefeito resolva, que o governador resolva. A sociedade precisa se tornar protagonista nas decisões da cidade. A primeira coisa que eu acho que um prefeito deveria fazer quando eleito em Xapuri, era chamar todo mundo, lotar o ginásio coberto e perguntar pro povo: que cidade nós queremos? que futuro nós queremos? estabelecer uma visão de futuro e chamar a população pra trabalhar juntos, assim você teria força pra chegar em qualquer governador e exigir os royalties, por exemplo, ou a ponte da Sibéria, aí sim você teria legitimidade e força política pra e pedir e cobrar.

Maxsuel: Falando em ponte, será que sai?

Carlos: Acho difícil. Ainda não parei pra pensar e formar uma opinião sobre a construção dessa ponte, mas já li que algumas figuras importantes como o senador Jorge Viana e a Marina Silva têm posicionamento contrário a essa construção. Não sei o que o governador pensa, não sei se já estudaram os impactos ambientais que essa ponte pode causar, o certo é que se permitirem o tráfego de caminhões pesados naquela área, isso pode trazer problemas, principalmente com desmatamento. Independentemente do que digam os governantes e políticos sobre essa ponte, eu fico com a fala de um morador daquela área, lá de dentro, que em uma entrevista me disse: “essa ponte, meu filho, vai tirar o meu sossego”, percebi nessa frase muita sabedoria. É claro que o bairro da Sibéria seria muito beneficiado, afinal, dez horas da noite não tem mais catraia e se você tiver uma crise de saúde, por exemplo, você não tem como atravessar para ir ao hospital. Essa questão tem que ser estudada a fundo, eu particularmente ainda não tenho uma opinião formada sobre esse assunto.

Maxsuel: Você acaba de orientar uma turma de jovens economistas xapurienses. Como você analisa o ensino superior em Xapuri e as políticas voltadas para a juventude?

Carlos: Os cursos de nível superior, mesmo com todos os problemas são válidos. Se eu pudesse dar um conselho para um jovem xapuriense, eu diria: estude, a educação é importante em todos os momentos, inclusive para aprender a pensar de forma crítica, a educação é a chave de tudo. A juventude de Xapuri tem me preocupado muito, a cada vez que vou lá fico impressionado com algumas coisas que vejo. Vai lá ao Mirantes depois da meia noite pra você ver, o cenário é preocupante: alcoolismo, prostituição e drogas. Acho que os gestores deveriam olhar com mais carinho para essa questão. Xapuri tem um nome muito forte, poderia usar melhor o nome que tem para dar mais opções de lazer e cultura para sua juventude. A vida é feita de escolhas e se o poder público não proporcionar opções para que os jovens possam fazer as melhores escolhas, eles vão acabar escolhendo o caminho errado, o ambiente tem conspirar a favor, precisam ser criadas novas opções para a juventude, algo diferente da mesmice das boates e dos carnavais fora de época, por exemplo.

Carlos Estevão Ferreira Castelo é professor universitário, xapuriense, filho do seu Estevão Castelo e da dona Aurélia Ferreira. Mesmo sendo meu primo legítimo, só tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente no dia deste papo xapuriense. Como pode ser percebido ao longo do papo, Carlos Estevão é um sujeito de idéias esclarecidas, com ampla bagagem teórica e cultural.

Percebi nele apenas um devaneio : É torcedor apaixonado do Botafogo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Próxima semana terá Carlos Estevão no Papo Xapuriense

No final da tarde desta sexta-feira, 21, estive reunido com o professor universitário e xapuriense Carlos Estevão Ferreira Castelo, na sede da FIEAC - Rio Branco, para realizar mais uma edição do Papo Xapuriense. Como o papo foi longo, irei escrevê-lo durante o fim de semana, pretendendo postá-lo na segunda-feira.
Bom final de semana, saudações xapurienses e vibrações positivas pra todos.
Ah, ia esquecendo, Domingo o Mengão assume a ponta.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

No nosso tempo...


Hoje conversei longamente, via msn, com um bom e velho amigo de infância. Em resumo, falamos de quase tudo, principalmente dos anos dourados vividos na princesinha. Ao final da conversa a conclusão era clara: No nosso tempo, Xapuri não era assim.
Resolvi copiar algumas frases dessa conversa e compartilhar com os leitores do blog. Se elas fazem sentido, ou não passam de comparações de dois nostálgicos, deixo pra vocês decidirem.

“A coisa tá feia em Xapuri, muita droga, os jovens não têm opção, a gente tem que ajudar Xapuri de algum jeito, no nosso tempo era diferente”.

Sim, no nosso tempo estávamos sempre com a cabeça ocupada, nosso tempo livre era quase todo dedicado ao esporte, à música ou a alguma atividade dentro do colégio (Divina Providência).

“De manhã tinha vôlei no campinho do Felipe (na antiga casa do falecido Jofre Kouri, avô do Felipe), pela tarde, quando saia da aula, tinha pelada na quadra do colégio e a noite ainda tinha treino de vôlei no ginásio coberto, com o Sil e o Ricardão.”

Nesse tempo o esporte de Xapuri vivia em efervescência, tínhamos campeonato de Handebol masculino e feminino, campeonato de vôlei, campeonato de futsal e de futebol de campo. Além disso, eram organizados campeonatos e torneios intermunicipais, tinha as copas de Handebol, os desafios de vôlei entre Xapuri e Brasiléia, a copa São Sebastião de futsal, enfim, tinha esporte pra todos os gostos e quem não era praticante lotava as arquibancadas.

“O esporte de Xapuri tem que renascer, lembro bem de como nossas seleções eram boas, em todas as modalidades.”

O pior é que não é só na área esportiva que as coisas estão paradas. Naquele tempo tínhamos bandas compostas só por jovens, como o Frutos da Terra, H-UELEM (nova geração) e o meu Santo Graal, isso estimulava os jovens a fazer aulas e aprender a tocar algum instrumento. Tínhamos fanfarras, grupos de quadrilhas juninas, gincanas culturais envolvendo todas as escolas, grupo de teatro, academia de capoeira, Karatê, enfim, várias atividades que envolviam nossa juventude.

“E a gente sabe que quem tem menos culpa nisso são exatamente os mais prejudicados, nossos jovens. A culpa é do poder público que não proporciona essas opções para a juventude, não investe em cultura, lazer e programas voltados para os jovens, me revolta ver colegas com tanto talento se perdendo nas drogas e no álcool.”

Reverter esse quadro só depende de nós. Enquanto jovens xapurienses, temos que nos organizar, sair do marasmo e do conformismo, cobrar de nossos governantes e tomar papel de destaque nos rumos da nossa cidade. Chega de ficar só no campo ideológico, temos que entrar em ação e ajudar nossos conterrâneos.

“Eu to dento!”

Eu também.

As frases que estão entre aspas são do amigo que mencionei no início do texto. Até o fechamento dessa postagem não consegui contato com ele para pedir autorização pra publicar seu nome.
As frases que não estão entre aspas, são deste blogueiro que vos escreve.
A foto é de uma Xapuri bem antiga, mas o "nosso tempo", tratado no texto, não é tão antigo assim

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

E agora José?? Revista Isto é denuncia devastação no "Estado da Florestania".


Nos últimos 13 anos, o marketing da madeira sustentável deu ao Acre uma invejável posição no mercado internacional. Atraídos por facilidades e incentivos fiscais, os empresários madeireiros enriqueceram e geraram divisas com suas exportações.

Também abasteceram as campanhas da nova elite política regional com polpudas verbas.

Parecia um ciclo virtuoso até que, na semana passada, seringueiros e ambientalistas da região entregaram ao Ministério Público do Acre um relatório listando uma série de irregularidades no processo de manejo florestal, entre elas o descumprimento das leis ambientais, a quebra de acordos das empresas com os moradores das regiões e as falhas de monitoramento pelos órgãos estaduais.

Com base nessa documentação, o Ministério Público do Acre abriu um inquérito civil. A ISTOÉ teve acesso aos documentos entregues à Promotoria do Meio Ambiente e a um vídeo que mostra que a Floresta Estadual do Antimary, até então considerada modelo de exploração sustentável, tem se transformado num verdadeiro cemitério de toras de madeira.

“A situação é grave. Estamos atuando para restringir os danos para a natureza e para as comunidades”, diz a promotora de Justiça do Meio Ambiente, Mary Cristina do Amaral.

A primeira entidade a levantar suspeitas foi o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), ONG que nos últimos anos distribuiu às empresas o selo verde responsável por atestar a qualidade da madeira acriana nos mercados europeu e asiático.

Representante no Brasil da ONG FSC, de renome mundial, o Imaflora recusou-se a certificar uma nova área de manejo florestal à Laminados Triunfo Ltda.

Maior madeireira da Amazônia, a Triunfo pertence ao empresário Jandir Santin, amigo e aliado bem próximo do senador Jorge Viana (PT-AC), que, quando governador, lançou o conceito de gestão conhecido como “florestania”.

A Triunfo é o principal alvo das investigações do Ministério Público. As inspeções iniciais já encontraram mostras da ação predatória da empresa em diferentes áreas cuja exploração está sob sua responsabilidade.

Além do entupimento de córregos e rios, houve migração da caça e pagamentos irrisórios às comunidades pela madeira retirada. As empresas concessionárias pagam, por exemplo, cerca de R$ 20 por árvore branca e de R$ 50 por madeira dura, a grande maioria delas com idade de 200 anos.

Segundo especialistas, uma árvore com seis metros cúbicos vale perto de R$ 3.500.

O vídeo gravado por integrantes das entidades ambientais, na mata de Limoeiro, encostada à Floresta Estadual do Antimary, mostra que uma área de 65 mil hectares está sendo depenada pelos madeireiros.

Projetada como laboratório para levar o manejo aos 60 milhões de hectares de florestas acrianas, a região é o retrato do fracasso do projeto: a agrovila de madeira, com serraria, escola, posto de saúde e várias outras casas, nunca foi usada.

Os moradores reclamam que a madeireira Canaã desapareceu depois de retirar a madeira, sem pagar o que prometera à comunidade, e a mata de 11 mil hectares perdeu todas as suas árvores centenárias.

“Eles disseram que em 25 anos dá para tirar de novo árvores do mesmo porte. Duvido. Já faz sete e as que ficaram, de tão finas, só servem para cabo de vassoura e palito de dente”, diz o agricultor Arnôr Nascimento Barreto.

O sentimento do agricultor é respaldado por estudos técnicos. A Escola de Agricultura da USP acompanhou ações de manejo e concluiu que o prazo de 30 anos considerado ideal para que as matas se recuperem é curto demais.

Segundo o estudo técnico, a exploração controlada é uma ilusão e o manejo sustentável não se sustenta.
Contilnet.com
Meu comentário: Resolvi postar essa matéria para que, caso ocorra um sumiço de todos os exemplares da revista, assim como aconteceu com a edição que denunciou os desvios e superfaturamentos na BR-364, os amigos e leitores do blog possam ter acesso às informações. Em um estado onde o governo (leia-se Jorge e Tião) comanda das bancas de revistas aos maiores veículos de comunicação, acesso a informação nunca é demais.

domingo, 9 de outubro de 2011

Papo Xapuriense


Após alguns meses e muitas cobranças, o Papo Xapuriense, quadro no qual converso com pessoas ligadas à Xapuri, está de volta. Nesta edição, o bate-papo foi realizado com o valoroso conterrâneo Éden Mota, em sua casa, na tarde da última sexta-feira.
Em mais de duas horas de conversa, Éden falou sobre sua vida, trajetória, política e principalmente sobre as críticas que fez e faz aos vereadores de Xapuri, críticas que lhe renderam um processo judicial movido por 07 dos 09 vereadores da Câmara Xapuriense.
Leia abaixo os principais trechos desse papo xapuriense:

Maxsuel: Até bem pouco tempo, você também era blogueiro. O que te levou a fechar o blog?
Éden: As pessoas confundem as coisas. Não fechei o meu blog por causa desse episódio com os vereadores, fechei porque acabei ficando sem tempo, estou estudando pra prestar concurso público e você sabe bem o quanto manter um blog sempre atualizado toma tempo.
Maxsuel: E essa polêmica com os vereadores, você está sendo processado?
Éden: Sim, sete vereadores entraram com uma ação contra mim, querendo me calar, mas isso eles não vão conseguir nunca. Eles reclamam que eu fico criticando, mas não fazem nada pelo município, não fazem o papel deles, não apresentam um projeto relevante, nem ao menos servem para fiscalizar as contas públicas do município. Um vereador é colocado na câmara para legislar e fiscalizar os projetos, fiscalizar os repasses e isso agente não vê em Xapuri. O tribunal de contas do estado reprovou as contas das duas últimas administrações municipais e aí eu te pergunto: a câmara reprovou essas contas? Detectou essas ilegalidades? Não, se não fosse pelo tribunal iria ficar por isso mesmo, não seria feito nada. Se você entrar no site da Câmara Municipal de Xapuri, você não encontra nada, não tem sequer um requerimento, a lei orgânica do município, tão pouco o regimento interno da casa, o site só serve para divulgar as coisas que são realizadas pelo poder executivo. Eles reclamam das minhas críticas, mas o quadro que aí está é preocupante, a câmara não possui sequer um assessor jurídico, é totalmente desprovida de conhecimento técnico. Em 2009, eu ofereci ao presidente da câmara levar uma palestra para os vereadores sobre os direitos e deveres que eles têm, de acordo com a constituição federal, estadual e com a lei orgânica do município, ia pagar do meu bolso todas as despesas, mas fui informado que os vereadores não aceitavam nenhum tipo de ajuda vinda de mim, pois eu só queria era fazer politicagem, ou seja, ofereci ajuda e eles não aceitaram, e depois ficam reclamando das críticas.
Maxsuel: Levaram pro lado pessoal?
Éden: Com certeza. Eu não tenho nada pessoal contra eles, nenhuma crítica que eu fiz foi difamatória contra qualquer um, critico em razão do cargo público que eles exercem. Eles não fiscalizam nada, Xapuri estava sendo pavimentada com casca de castanhas, enquanto a cidade tinha uma cerâmica que possuía um convênio com a Funtac no valor de 172 mil reais. As ruas estão cheias de lixo, estive no cemitério e lá está cheio de mato. Quem está fazendo o papel dos vereadores de Xapuri é o Ministério Público. Quando eu coloco que um vereador em Xapuri tinha que ganhar um salário mínimo, não falo debochando, estou falando da realidade. Queria apenas que eles fiscalizassem, porque legislar já é pedir demais pra eles.
Maxsuel: Você acha que tentaram te intimidar?
Éden: Se tentaram não conseguiram. Hoje nós temos uma constituição cidadã, você tem todo o direito de ser ouvido, a liberdade de expressão é um direito fundamental. Na condição de cidadão, você não pode abrir mão do direito de cobrar dos seus representantes. Se a constituição diz que eles são os representantes do povo, nós não podemos deixar de cobrar quando estamos sendo mal representados, eu cobro, eu faço isso e todos devem fazer também. Lá no bairro da Sibéria foi feita a pavimentação de uma rua, uma obra de péssima qualidade, algum vereador reclamou? Quem fez a reclamação foi a associação de moradores. Eu estive no hospital de Xapuri em um dia de chuva e o hospital simplesmente alagou de tanta goteira. Li nos blogs da cidade as denúncias a respeito do lixão de Xapuri, isso é atribuição de vereador, mas infelizmente eles não fazem absolutamente nada.
Maxsuel: E como você imagina que será essa audiência?
Éden: Conciliação com eles eu não quero. Segunda-feira estarei lá para defender interesses que não são meus, mas sim da coletividade. Vou pra audiência pra defender o direito de todos nós, das pessoas que escrevem, que criticam, que apontam os erros, que sentem na pele o que é ser mal administrado. Vou lá para a população saber que tem o direito de cobrar de qualquer um que exerce cargo público, seja no executivo ou legislativo. A partir do momento em que a pessoa se pré-dispõe a ocupar um cargo público, ela tem que saber que vai ser cobrada e precisa e tem o dever de aceitar essas cobranças. Esse é o cerne da questão, as pessoas precisam aprender a ouvir e respeitar a opinião dos outros, principalmente quando são agentes públicos, o que precisa mudar é a mentalidade. Só pra citar um exemplo, algumas dessas pessoas ficaram com raiva da dona Carmen quando ela disse que Xapuri tava uma merda, mas ela só falou o que muita gente queria falar e não tinha coragem. Eu nunca dependi de emprego político, por isso, eu falo o que eu quiser, na hora que eu quiser, sempre dentro da legalidade e respeitando ao próximo. Não abro mão do meu direito, não abro mão do que é certo
Maxsuel: Você será candidato a algum cargo eletivo em Xapuri?
Éden: As pessoas acham que quando você faz uma crítica é porque tá querendo um cargo ou vai ser candidato a alguma coisa, eu não tenho o menor interesse em cargo, o que quero é ajudar Xapuri. Nós fizemos um grupo chamado Filhos e Amigos de Xapuri, reunimos aqui uns amigos no intuito de ajudar nossa cidade de alguma forma, começamos com todo gás, mas quando fomos atrás da administração xapuriense fomos excluídos. As pessoas nos olharam como possíveis adversários no futuro, nós queríamos apenas ajudar de alguma forma.
Maxsuel: E o cenário político? Consegue vislumbrar uma renovação?
Éden: Com esse quadro que aí está? Sinceramente, não. O quadro de vereadores é horrível, para prefeito teremos três candidatos que não são filhos de Xapuri, nenhum dos três. Tem que colocar na prefeitura de Xapuri alguém que tenha conhecimento e que seja de lá, que goste de lá, alguém que ame Xapuri. O que preocupa também é a falta de capacidade. Desses candidatos que aí estão, tirando o Bira, eu tenho certeza que nenhum deles fizeram qualquer tipo de projeto para a cidade nesses quatro anos, só querem o cargo, não têm projeto político e sem projeto não se faz nada. A coisa está ruim, mas pode ficar pior. Enquanto os jovens não tomarem as rédeas da cidade e os filhos de Xapuri não se unirem para traçar um projeto político com o intuito de crescimento e desenvolvimento, a coisa não vai pra frente. Desses candidatos que se apresentam hoje, não espero absolutamente nada de melhorias.
Maxsuel: E a administração atual?
Éden: O Bira é um cara que não tenho nada contra ele, mas eu te pergunto: o que é que está sendo feito hoje em Xapuri, pela prefeitura? Nada, quem tá fazendo obra lá é o governo do estado. A prefeitura credita a criação de 450 empregos a ela, mas quem criou os empregos foram às fábricas de camisinha e de taco, que não têm nada haver com a prefeitura. Nossa educação é uma das piores do estado, no resultado do ENEM ficamos abaixo de municípios bem menos expressivos, isso é inadmissível.
Maxsuel: Que mensagem você gostaria de deixar para os jovens xapurienses?
Éden: Gostaria de dizer aos jovens que o estudo é de fundamental importância na vida de qualquer pessoa, principalmente da gente que vem de família com renda baixa. Só através da educação agente pode galgar alguma coisa boa pra nossa vida. A partir do momento em que você consegue vencer através da educação, você ganha sua independência funcional e pessoal, sem precisar depender de ninguém e isso é gratificante, saber que você venceu na vida com os seus próprios méritos. É assim que o jovem xapuriense tem que pensar, depender de si e nunca dos outros. Liberdade de pensamento, democracia, direito de ouvir e de falar, direito de respeitar as opiniões, direito de não ser menosprezado por ninguém em virtude de razões político-partidárias, isso é o que temos que buscar.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Mantenham-se famintos, Mantenham-se tolos."


Discurso feito pelo gênio criador da Apple, Steve Jobs, durante uma formatura nos Estados Unidos, em 2005. Jobs, um homem à frente do seu tempo, morreu nesta quarta-feira aos 56 anos, vítima de câncer

"Estou honrado por estar aqui com vocês em sua formatura por uma das melhores universidades do mundo. Eu mesmo não concluí a faculdade. Para ser franco, jamais havia estado tão perto de uma formatura, até hoje. Pretendo lhes contar três histórias sobre a minha vida, agora. Só isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira é sobre ligar os pontos.

Eu larguei o Reed College depois de um semestre, mas continuei assistindo a algumas aulas por mais 18 meses, antes de desistir de vez. Por que eu desisti?

Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era jovem e não era casada; estava fazendo o doutorado, e decidiu que me ofereceria para adoção. Ela estava determinada a encontrar pais adotivos que tivessem educação superior, e por isso, quando nasci, as coisas estavam armadas de forma a que eu fosse adotado por um advogado e sua mulher. Mas eles terminaram por decidir que preferiam uma menina. Assim, meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam um telefonema em plena madrugada ¿"temos um menino inesperado aqui; vocês o querem?" Os dois responderam "claro que sim". Minha mãe biológica descobriu mais tarde que minha mãe adotiva não tinha diploma universitário e que meu pai nem mesmo tinha diploma de segundo grau. Por isso, se recusou a assinar o documento final de adoção durante alguns meses, e só mudou de idéia quando eles prometeram que eu faria um curso superior.

Assim, 17 anos mais tarde, foi o que fiz. Mas ingenuamente escolhi uma faculdade quase tão cara quanto Stanford, e por isso todas as economias dos meus pais, que não eram ricos, foram gastas para pagar meus estudos. Passados seis meses, eu não via valor em nada do que aprendia. Não sabia o que queria fazer da minha vida e não entendia como uma faculdade poderia me ajudar quanto a isso. E lá estava eu, gastando as economias de uma vida inteira. Por isso decidi desistir, confiando em que as coisas se ajeitariam. Admito que fiquei assustado, mas em retrospecto foi uma de minhas melhores decisões. Bastou largar o curso para que eu parasse de assistir às aulas chatas e só assistisse às que me interessavam.

Nem tudo era romântico. Eu não era aluno, e portanto não tinha quarto; dormia no chão dos quartos dos colegas; vendia garrafas vazias de refrigerante para conseguir dinheiro; e caminhava 11 quilômetros a cada noite de domingo porque um templo Hare Krishna oferecia uma refeição gratuita. Eu adorava minha vida, então. E boa parte daquilo em que tropecei seguindo minha curiosidade e intuição se provou valioso mais tarde. Vou oferecer um exemplo.

Na época, o Reed College talvez tivesse o melhor curso de caligrafia do país. Todos os cartazes e etiquetas do campus eram escritos em letra belíssima. Porque eu não tinha de assistir às aulas normais, decidi aprender caligrafia. Aprendi sobre tipos com e sem serifa, sobre as variações no espaço entre diferentes combinação de letras, sobre as características que definem a qualidade de uma tipografia. Era belo, histórico e sutilmente artístico de uma maneira inacessível à ciência. Fiquei fascinado.

Mas não havia nem esperança de aplicar aquilo em minha vida. No entanto, dez anos mais tarde, quando estávamos projetando o primeiro Macintosh, me lembrei de tudo aquilo. E o projeto do Mac incluía esse aprendizado. Foi o primeiro computador com uma bela tipografia. Sem aquele curso, o Mac não teria múltiplas fontes. E, porque o Windows era só uma cópia do Mac, talvez nenhum computador viesse a oferecê-las, sem aquele curso. É claro que conectar os pontos era impossível, na minha era de faculdade. Mas em retrospecto, dez anos mais tarde, tudo ficava bem claro.

Repito: os pontos só se conectam em retrospecto. Por isso, é preciso confiar em que estarão conectados, no futuro. É preciso confiar em algo - seu instinto, o destino, o karma. Não importa. Essa abordagem jamais me decepcionou, e mudou minha vida.

A segunda história é sobre amor e perda.

Tive sorte. Descobri o que amava bem cedo na vida. Woz e eu criamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhávamos muito, e em dez anos a empresa tinha crescido de duas pessoas e uma garagem a quatro mil pessoas e US$ 2 bilhões. Havíamos lançado nossa melhor criação - o Macintosh - um ano antes, e eu mal completara 30 anos.

Foi então que terminei despedido. Como alguém pode ser despedido da empresa que criou? Bem, à medida que a empresa crescia contratamos alguém supostamente muito talentoso para dirigir a Apple comigo, e por um ano as coisas foram bem. Mas nossas visões sobre o futuro começaram a divergir, e terminamos rompendo - mas o conselho ficou com ele. Por isso, aos 30 anos, eu estava desempregado. E de modo muito público. O foco de minha vida adulta havia desaparecido, e a dor foi devastadora.

Por alguns meses, eu não sabia o que fazer. Sentia que havia desapontado a geração anterior de empresários, derrubado o bastão que havia recebido. Desculpei-me diante de pessoas como David Packard e Rob Noyce. Meu fracasso foi muito divulgado, e pensei em sair do Vale do Silício. Mas logo percebi que eu amava o que fazia. O que acontecera na Apple não mudou esse amor. Apesar da rejeição, o amor permanecia, e por isso decidi recomeçar.

Não percebi, na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. O peso do sucesso foi substituído pela leveza do recomeço. Isso me libertou para um dos mais criativos períodos de minha vida.

Nos cinco anos seguintes, criei duas empresas, a NeXT e a Pixar, e me apaixonei por uma pessoa maravilhosa, que veio a ser minha mulher. A Pixar criou o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é hoje o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. E, estranhamente, a Apple comprou a NeXT, eu voltei à empresa e a tecnologia desenvolvida na NeXT é o cerne do atual renascimento da Apple. E eu e Laurene temos uma família maravilhosa.

Estou certo de que nada disso teria acontecido sem a demissão. O sabor do remédio era amargo, mas creio que o paciente precisava dele. Quando a vida jogar pedras, não se deixem abalar. Estou certo de que meu amor pelo que fazia é que me manteve ativo. É preciso encontrar aquilo que vocês amam - e isso se aplica ao trabalho tanto quanto à vida afetiva. Seu trabalho terá parte importante em sua vida, e a única maneira de sentir satisfação completa é amar o que vocês fazem. Caso ainda não tenham encontrado, continuem procurando. Não se acomodem. Como é comum nos assuntos do coração, quando encontrarem, vocês saberão. Tudo vai melhorar, com o tempo. Continuem procurando. Não se acomodem.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma citação que dizia algo como "se você viver cada dia como se fosse o último, um dia terá razão". Isso me impressionou, e nos 33 anos transcorridos sempre me olho no espelho pela manhã e pergunto, se hoje fosse o último dia de minha vida, eu desejaria mesmo estar fazendo o que faço? E se a resposta for "não" por muitos dias consecutivos, é preciso mudar alguma coisa.

Lembrar de que em breve estarei morto é a melhor ferramenta que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas da vida. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo do fracasso - desaparece diante da morte, que só deixa aquilo que é importante. Lembrar de que você vai morrer é a melhor maneira que conheço de evitar armadilha de temer por aquilo que temos a perder. Não há motivo para não fazer o que dita o coração.

Cerca de um ano atrás, um exame revelou que eu tinha câncer. Uma ressonância às 7h30min mostrou claramente um tumor no meu pâncreas - e eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que era uma forma de câncer quase certamente incurável, e que minha expectativa de vida era de três a seis meses. O médico me aconselhou a ir para casa e organizar meus negócios, o que é jargão médico para "prepare-se, você vai morrer".

Significa tentar dizer aos seus filhos em alguns meses tudo que você imaginava que teria anos para lhes ensinar. Significa garantir que tudo esteja organizado para que sua família sofra o mínimo possível. Significa se despedir.

Eu passei o dia todo vivendo com aquele diagnóstico. Na mesma noite, uma biópsia permitiu a retirada de algumas células do tumor. Eu estava anestesiado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células ao microscópio começaram a chorar, porque se tratava de uma forma muito rara de câncer pancreático, tratável por cirurgia. Fiz a cirurgia, e agora estou bem.

Nunca havia chegado tão perto da morte, e espero que mais algumas décadas passem sem que a situação se repita. Tendo vivido a situação, posso lhes dizer o que direi com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito útil mas puramente intelectual.

Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que desejam ir para o céu prefeririam não morrer para fazê-lo. Mas a morte é o destino comum a todos. Ninguém conseguiu escapar a ela. E é certo que seja assim, porque a morte talvez seja a maior invenção da vida. É o agente de mudanças da vida. Remove o velho e abre caminho para o novo. Hoje, vocês são o novo, mas com o tempo envelhecerão e serão removidos. Não quero ser dramático, mas é uma verdade.

O tempo de que vocês dispõem é limitado, e por isso não deveriam desperdiçá-lo vivendo a vida de outra pessoa. Não se deixem aprisionar por dogmas - isso significa viver sob os ditames do pensamento alheio. Não permitam que o ruído das outras vozes supere o sussurro de sua voz interior. E, acima de tudo, tenham a coragem de seguir seu coração e suas intuições, porque eles de alguma maneira já sabem o que vocês realmente desejam se tornar. Tudo mais é secundário.

Quando eu era jovem, havia uma publicação maravilhosa chamada The Whole Earth Catalog, uma das bíblias de minha geração. Foi criada por um sujeito chamado Stewart Brand, não longe daqui, em Menlo Park, e ele deu vida ao livro com um toque de poesia. Era o final dos anos 60, antes dos computadores pessoais e da editoração eletrônica, e por isso a produção era toda feita com máquinas de escrever, Polaroids e tesouras. Era como um Google em papel, 35 anos antes do Google - um projeto idealista e repleto de ferramentas e idéias magníficas.

Stewart e sua equipe publicaram diversas edições do The Whole Earth Catalog, e quando a idéia havia esgotado suas possibilidades, lançaram uma edição final. Estávamos na metade dos anos 70, e eu tinha a idade de vocês. Na quarta capa da edição final, havia uma foto de uma estrada rural em uma manhã, o tipo de estrada em que alguém gostaria de pegar carona. Abaixo da foto, estava escrito "Permaneçam famintos. Permaneçam tolos". Era a mensagem de despedida deles. Permaneçam famintos. Permaneçam tolos. Foi o que eu sempre desejei para mim mesmo. E é o que desejo a vocês em sua formatura e em seu novo começo.

Mantenham-se famintos. Mantenham-se tolos. Muito obrigado a todos."

terça-feira, 4 de outubro de 2011

"Caiu na Rede"


As redes sociais na internet nasceram, criaram força, viraram febre e hoje, definitivamente, se constituem como importante ferramenta onde se pode discutir os rumos e anseios de uma sociedade. Por isso, e somente por isso, esses espaços me conquistaram, assim como conquistaram bilhões de pessoas por todo o planeta.
A última demonstração de criatividade e muito bom senso acaba de cair na rede, mais especificamente no Facebook, site que vem se tornando muito mais do que uma simples página de relacionamento. A campanha em poucas horas tomou conta de quase todos os usuários brasileiros e consiste em trocar a foto atual do perfil pela foto/imagem de um desenho animado ou personagem infantil que tenha marcado a infância do usuário.
A atitude é simples e a causa mais do que justa: Levantar a discussão sobre a violência infantil, aproveitando que estamos no mês das crianças.
Este blogueiro já entrou na campanha, aproveitando para homenagear o bom e velho Homer Simpson.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Promotora reivindica implantação de cursos superiores na UFAC de Xapuri.

A Promotora de Justiça de Xapuri, Diana Soraia Tabalipa Pimentel, está reivindicando a implantação de cursos superiores da Universidade Federal do Acre (UFAC), no município. Acompanhada do prefeito Ubiraci Vasconcelos, na última sexta-feira (30), a promotora visitou a UFAC para saber como está o processo de discussão para criação dos cursos de Letras, Pedagogia e Ciências Biológicas.

Diana Soraia Tabalipa Pimentel participou da reunião do Conselho Universitário, que é o órgão colegiado com poder deliberativo, e falou sobre a necessidade da presença permanente da Universidade em Xapuri. Segundo a promotora, trata-se de um sonho da população e isso iria amenizar muitos problemas pelos quais passa a educação daquela cidade. Ela lembrou que, atualmente, muitos jovens precisam sair do município para dar continuidade aos estudos, já que a falta de professores faz com que a oferta no ensino fundamental e médio seja reduzida.

No ano passado, a Promotoria de Xapuri instaurou um inquérito civil e apurou que muitas crianças em idade escolar que residem na zona rural estavam fora da sala de aula por deficiências na educação, entre as quais, a falta de professores. O último concurso realizado pela prefeitura para a contratação de educadores não teve o número de vagas preenchido porque muitos candidatos não tinham a formação exigida pelo edital. “A falta de professores está gerando uma ofensa a um direito constitucional. Isso é grave”, lembrou a promotora.

A reivindicação já é antiga. Em outubro do ano passado, foi realizada uma audiência pública em Xapuri com a participação de representantes da UFAC, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFAC), além de autoridades locais da Educação, comunidade escolar e lideranças rurais. No encontro, foram apresentados diversos problemas, entre os quais, a falta de cursos presenciais de ensino superior em Xapuri e falta de professores. Em conseqüência disso, muitos alunos estavam sem estudar ou repetiam o ano, embora aprovados, porque não tinha oferta na série subseqüente.

Para resolver o problema, a UFAC se comprometeu a implantar pelo menos dois cursos ainda este ano. Por meio de um ofício, informou à Promotoria de Xapuri, que estava em processo de discussão com as coordenações dos cursos de Pedagogia, Ciências Biológicas e Letras para viabilizar a implantação desses cursos, o que ainda, não aconteceu.

Durante sua visita à UFAC, a Promotora e o prefeito de Xapuri também foram recebidos pela sub-coordenadora do curso de Pedagogia, Elizabete Miranda de Lima. No encontro, Ubiraci Vasconselos disse que apesar da demora, estava confiante que o pleito apresentado seria atendido. “Acho que nossa vinda aqui vai surtir um efeito muito positivo. A única mudança que nós teremos em Xapuri será através da educação”,destacou.

Elizabete Miranda informou que a implantação dos referidos cursos depende apenas da aprovação do Conselho Universitário, e que a medida não demandaria contratação de novos professores. “Eu penso que, pressionar ajuda bastante, pois precisamos ser cobrados. Podem contar conosco, porque de nossa parte, existe interesse em expandir a UFAC para o interior do Estado”, garantiu a sub-coordenadora.

A Promotora Diana Soraia Tabalipa Pimentel disse que ver essa reivindicação atendida é o sonho de muitos jovens de Xapuri. “Eles me perguntam se vai dá certo, e eu digo, que vai. Nós estamos aguardando com muita esperança. Vocês (UFAC) farão a diferença em Xapuri”, finalizou.

Assessoria do MPE

Crônica do jogo em que R10 e CIA colocaram água no chopp do São Paulo.


A festa foi apenas vermelha e preta neste domingo. Na chuvosa tarde em que Luis Fabiano reestreou pelo São Paulo, quem celebrou em um Morumbi lotado foi o Flamengo. Rogério Ceni e Felipe foram os destaques do jogo com defesas milagrosas, mas os cariocas levaram os pontos e chegaram ao quarto jogo sem perder. Com gols de Thiago Neves e Renato Abreu, o Rubro-Negro venceu por 2 a 1, segurou o adversário na classificação e voltou a sonhar com o título. De quebra, fez os paulistas atingirem uma marca negativa: derrota em todos os jogos em casa contra clubes do Rio de Janeiro.

Os mais de 60 mil são-paulinos que queriam comemorar os 51 anos do Morumbi e o retorno de um de seus principais ídolos voltaram para a casa com o gosto amargo na boca. A equipe permanece com 46 pontos e perde grande chance de encostar nos adversários acima, Vasco e Corinthians, que empataram em São Januário. Quarta-feira, enfrenta o Cruzeiro, às 21h50m, em Sete Lagoas.

O alento fica pela boa estreia de Luis Fabiano. Nos 60 minutos que ficou em campo, o Fabuloso agradou com boa movimentação mesmo depois de seis meses sem jogar. Faltou o gol, que não veio por causa da grande atuação de Felipe. Por outro lado, cresce a pressão sobre o técnico Adilson Batista chamado de "burro" e vaiado na saída do gramado.

Já o Flamengo emplaca a segunda vitória consecutiva e sobe para os 44 pontos, seis abaixo do rival carioca. A boa atuação só não foi ainda mais evidenciada pelos seguidos milagres operados por Rogério Ceni, sobretudo no segundo tempo. Domingo, tem o clássico contra o Fluminense, às 16h, no Engenhão.

Carlos Augusto Ferrari e Marcelo Prado