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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

FÉRIAS

Como os amigos-leitores do blog já devem ter percebido, não venho fazendo atualizações nos últimos dias. O motivo é que estou curtindo boas e merecidas férias no Nordeste brasileiro, prometendo voltar com todo o gás no retorno ao Acre.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Oportunidade


O IFAC/Campus Xapuri oferece neste período de férias cursos de extensão para comunidade interna e externa. São oferecidos quatro cursos, sendo dois na área de línguas estrangeiras, voltados para os servidores e alunos e dois abertos também para a comunidade externa, trabalhadores e estudantes.

As aulas de Inglês e Espanhol se iniciaram nesta segunda-feira, 09, e atingirão um público de mais de 40 pessoas.

Os outros dois cursos, de Informática Básica e Agroextrativismo e Mercado, cujas aulas iniciarão na quarta-feira, 11, ainda estão com inscrições abertas. Todos os cursos são gratuitos e serão ministrados por docentes da instituição.

Segundo o Diretor de Ensino do campus, Prof. Paulo Teixeira, os cursos serão uma oportunidade de oferecer à toda comunidade da região um aprendizado fora do período letivo, durante as férias dos estudantes e trabalhadores.

Fonte: IFAC/Contilnet - Foto: Xapuri Agora

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Rubinho no Papo Xapuriense


O blog Maxsuel Xapuri apresenta em sua primeira postagem de 2012, mais uma edição do já conhecido “Papo Xapuriense”. O convidado da vez é um xapuriense que demonstra um amor incondicional por nossa querida cidade, Rubens Santana, o Rubinho, que nasceu e viveu em Xapuri até o final dos anos 70, onde se destacou no futebol local, sendo considerado por muitos como o melhor goleiro que já passou pelos gramados xapurienses.
Em mais de duas horas de conversa, Rubinho falou dos bons tempos vividos em Xapuri, do amor que sente pela cidade e de seus projetos atuais: Revitalização do “Ponto Chic” e reformulação do grupo “Filhos e Amigos de Xapuri”.
A seguir, os principais trechos desse bate-papo:
Amor por Xapuri
Rubinho: Eu sou um apaixonado por Xapuri, em Xapuri estão as minhas lembranças mais bonitas, minha infância, minha adolescência, até o começo da minha vida adulta foram em Xapuri, então, todas essas lembranças estão lá. Eu sou de um tempo em que Xapuri só tinha aquele centro histórico, a cidade terminava ali na Pio Nazário, acima dali tinha apenas o arrozal, aquela área do estádio de futebol, o cemitério e pronto; não existia a Variante, o Pantanal, Laranjal, nada daquilo existia. A vida acontecia ali, naquele centro histórico, e as relações que se desenvolviam ali eram relações quase que familiares, todo mundo muito unido, um respeito muito grande entre as pessoas, eu considero que aquele embrião de cidade mais parecia uma grande família. Hoje, já tomei ciência de que existe o problema das drogas e isso é complicado, o problema começa por aí, as drogas e a marginalidade vão desagregando os laços entre as pessoas, causando uma sensação de insegurança e de desrespeito.
Futebol
Rubinho: Muito cedo comecei a me envolver com o futebol, sempre gostei muito, meu pai me incentivava muito, apesar de minha mãe não gostar. Xapuri sempre teve essa ligação muito forte com o futebol, sempre formamos ótimos jogadores. Certa vez, foi formado um time de Xapuri visando participar do campeonato acreano aqui em Rio Branco, o time foi formado, vieram e disputaram duas partidas da seletiva, empataram uma e perderam a outra, infelizmente o time ficou de fora do campeonato, mas tinha tanto jogador bom naquele time que a maioria já ficou por aqui mesmo, contratados pelos times daqui, Curica, Reinaldo, Zelito, só craque. Eu joguei futebol em Xapuri até 1977, essa época foi muito boa no sentido da socialização, lidar com as situações de vitória, mas também com as perdas, as derrotas, o futebol nos dava também grandes ensinamentos, como respeitar a qualidade do adversário, respeitar pontos de vista diferentes, saber ouvir as pessoas em todas as situações e só depois formar nossas opiniões. Dentro desse cenário de cordialidade e respeito foram nascendo bons times e ótimos jogadores, o domingo a tarde era sagrado, todo mundo no estádio para assistir as partidas, o nível técnico dos times e dos jogadores era muito bom, eu assisti jogos memoráveis, América X Brasília, jogos fantásticos, volume de jogo, técnica, o Mucuim jogava muito, Mario Mota, Curica, Mirim Hélio Fiesca, Lauro, Bebé, o Chico Macedone foi o melhor meio de campo que eu já vi jogar. Os times de Xapuri traziam jogadores de Porto Velho, Rio Branco, Brasiléia, para jogar em Xapuri, isso aumentava o nível técnico e contribuía para atrair as pessoas para o estádio.
Xapuri Hoje
Rubinho: O que mais me preocupa em Xapuri é a falta de perspectiva e motivação. Essa falta de perspectiva é histórica, aquela velha história de que Xapuri foi esquecida, a história da cabeça de burro enterrada. Mas isso é conversa furada, não é justificativa que se use para explicar o não desenvolvimento do município. É muito difícil você conseguir um desenvolvimento, principalmente sustentável, se não existirem entidades fortes, se as pessoas não tiverem um nível cultural bom, para entender o processo, e se não houver motivação. Sempre tem que haver uma motivação, um objetivo. Aonde queremos chegar? Que cidade nós queremos? Se nos mantivermos motivados e nos unirmos, independentemente dos obstáculos, a gente chega lá, basta para isso que não se pense só no eu, mas na coletividade. Sei que isso é difícil, mas pra mim a política que deveria existir lá era a Política Xapuri, todos os segmentos daquela pequena sociedade sentados discutindo quais os objetivos que teremos, que cidade nós queremos alcançar, nivelando um projeto em comum, que vise contemplar toda a coletividade. Se conseguirmos desenvolver essa idéia, o negócio começa a andar, é preciso tirar as pessoas do marasmo, da inércia, isso tem que acabar.
Xapuri On Line
Rubinho: O Xapuri On Line tinha como um de seus objetivos exatamente envolver as pessoas de Xapuri nesse processo, agregando o máximo de informações possíveis no site, seja fotografia, sejam histórias, sejam documentos, até lista com apelidos de pessoas de Xapuri, enfim, chamar a atenção das pessoas e resgatar um pouco desses tesouros que estavam perdidos em muitas casas xapurienses, era uma tentativa de trazer essa motivação, as pessoas se viam envolvidas com aquelas fotos, aquelas histórias, afinal, era a nossa história. Infelizmente, por falta de recursos, o site teve que ser fechado, mas nós não desistimos de tentar motivar as pessoas, agora estamos usando essa outra ferramenta fantástica que é o Facebook, as redes sociais, os blogs, estamos sempre colocando fotos antigas, identificando pessoas, lugares e épocas. A intenção inicial é essa, agregar as pessoas, trazer para perto, chamar a atenção de que o foco principal é Xapuri, afastar o conformismo e trazer todos para o debate.
Grupo “Filhos e Amigos de Xapuri”
Rubinho: O grupo Filhos e Amigos de Xapuri é um grupo formatado informalmente, não há nada de oficial, são pessoas que gostam de Xapuri, que se interessam pela cidade, mas não há nada formalizado. O que se pretende agora, a partir desse movimento que está sendo feito no Facebook, é atrair os jovens. As pessoas mais antigas vêm se aproximando mais, participando a algum tempo, contribuindo bastante, mas a gente também precisa de sangue novo. Você é parte importante nisso, está interessado, é um apaixonado por Xapuri, quer saber como o grupo funciona, que bom que você está interessado, pois você tem uma ferramenta poderosa nas mãos, que é o teu blog, através dele muitos jovens podem vim para o nosso movimento. Se não tiver a participação dos jovens, isso não se sustenta, é preciso que nós tenhamos várias gerações diferentes levantando essa bandeira. Agregando os jovens, o próximo passo é fazer com que a gente exista juridicamente, para que a gente possa se estruturar e ajudar Xapuri. A gente pode, por exemplo, criar uma fundação e a partir disso se lançar em busca de recursos, elaborar projetos e atrair investimentos pra Xapuri, não estamos falando aqui em ingerência administrativa ou política, muito menos em administração paralela, longe disso, a intenção é apenas ajudar. Existe dentro desse grupo muita gente disposta a ajudar, pessoas que moram em Xapuri, em Rio Branco ou em outros lugares, existem muitos nomes bons, pessoas que podem dar grande contribuição sem querer nada em troca, o simples fato de estar ajudando Xapuri já basta para eles.
Turismo e Restauração do Ponto Chic
Rubinho: A restauração do Ponto Chic é uma idéia que a gente teve e que se mostrou muito interessante. Acho muito importante resgatarmos um pouco da história de Xapuri, pois, com ela virá todos os nossos traços culturais, aí a gente começa a formar uma identidade xapuriense. Xapuri poderia ser transformada num centro turístico e cultural, temos tudo para fazer isso, temos a história, uma cultura própria, coisas que só são encontradas em Xapuri, riquezas naturais incomparáveis, temos um rio belíssimo bem na frente da cidade que está lá intocado, sem poluição, o Rio Xapuri é maravilhoso, pode abrigar atividades de canoagem, passeios, banhos, enfim, várias coisas que podem ser utilizadas para atrair as pessoas para Xapuri. O que a gente precisa em Xapuri é fazer com que as pessoas que cheguem lá, fiquem mais tempo, não é só entrar, dar uma olhadinha rápida na cidade, passar na casa de Chico Mendes e ir embora, é preciso ocupar o tempo dessas pessoas, proporcionar opções que preencham o dia delas, e nós temos tudo pra isso. É preciso que se faça um inventário com todas as atrações com potencial para se tornar pontos turísticos. As pessoas não vão sair daqui só pra ir à Casa de Chico Mendes ou só pra fazer um circuito de arborismo, é preciso ter um poder de atração maior. Aí entra a idéia de restauração do Ponto Chic, nesse sentido de transformar Xapuri numa capital cultural, aquele espaço pode ser transformado num museu, com um centro de convenções que poderia abrigar todas essas reuniões e congressos de meio ambiente que são realizados no estado, quer lugar melhor pra discutir o meio ambiente do que em Xapuri? Coloca lá um espaço onde as pessoas possam ter acesso à história de Xapuri, com painéis de fotografias bem montados, disponibiliza lá uns cinco computadores com todo o nosso acervo de fotos do passado, mistura no mesmo local o lazer e o trabalho, isso atrai as pessoas. A intenção não é apenas restaurar o espaço físico, isso seria muito pouco, a intenção é que de dentro desse projeto principal saiam outros, que sejam criadas naquele espaço atividades voltadas ao teatro, pintura, música, dança e outras. Tudo isso precisa ser construído por nós xapurienses, basta união e interesse, sair do marasmo e acreditar que Xapuri tem jeito, eu acredito nisso e vou fazer o que estiver ao meu alcance para que mais e mais pessoas acreditem, não me custa nada e eu devo isso a Xapuri.
O que esperar de 2012
Rubinho: O que eu espero para 2012 é que a gente consiga sensibilizar as pessoas, principalmente os mais jovens, que a gente consiga agregar cada vez mais pessoas para esse grupo de filhos e amigos de Xapuri. Se houver a participação das pessoas, o interesse dos mais jovens, a gente consegue mudar Xapuri, mas isso precisa começar lá e agora, o interesse tem que partir das pessoas que estão morando lá, dos jovens aos mais velhos. Se as pessoas de Xapuri se interessarem e tomarem o papel de protagonista nos rumos da cidade, Xapuri nunca mais será a mesma.

Na página de Rubens Santana, no Facebook, podem ser encontradas várias fotos da antiga Xapuri, a página também é o ponto de encontro virtual dos filhos e amigos de Xapuri.


Comentário enviado por José Porfiro:

Que boa entrevista foi essa realizada com o Rubinho. Como é a primeira do ano de 2012, também pode ser a última; tudo indica que o mundo está no seu finalzinho mesmo.

Minha memória é indescritível comparada com a do entrevistado. Leis as narrações dele lá no FACEBOOK, que parece mais coisa da terceira dimensão. Relata tudo sobre sua época de Xapuri; das linguetas, do chá de anum, do padre José, da vida de todo mundo (local de moradia, parentesco, sacanagens, etc.).

No entanto, interessou-me mais especificamente na entrevista, a ideia de se restaurar o “Ponto Chic”. Já li uma quantidade razoável de opiniões sobre a ideia lá no FACE. E por sinal uma ideia extraordinária.

Minhas observações não serão realizadas de dentro do meu ninho secundário de convivência por aqui por onde estou (Rio). O ninho da economia da cultura, que virou moda – já tem até uma moça trabalhando com esse tema lá no mestrado de desenvolvimento regional da UFAC.

Pois se assim o fizesse, estaria, no mínimo, tentando atrapalhar algo que parece está criando corpo, envolvendo gente na discussão.

Assim sendo, pelo que as pessoas já disseram sobre a ideia de restauração do Ponto Chic, percebe-se que elas possuem uma compreensão adequada do que isso significa para Xapuri, pensado como um dos pedaços do Acre que mais suscita curiosidades. Mas que ainda tem pouca coisa para justificar uma visita, além do simbolismo da figura de Chico Mendes, que, paradoxalmente, precisa ser enfatizada a cada momento, visto que conseguiram migrar essa imagem simbólica para Rio Branco.

Com todo o simbolismo de Chico Mendes, o monumento mais impressionante que lá existe para se visitar é a Igreja de São Sebastião, sem qualquer possibilidade de polêmica. Depois vem o cemitério. E, por último, algo que agora estão chamando de complexo turístico de Xapuri, onde se encontra a casa onde Chico Mendes foi assassinado e mais outros espaços.

Nesse sentido, percebe-se como esta ideia de restauração do Ponto Chic consegue captar esse quadro do simbolismo de Chico Mendes, restringida pela maravilha da Igreja, pelo Cemitério e pelo reduzidíssimo complexo turístico de Xapuri.

É inadmissível, alguém chegar qualquer dia de sábado ou domingo, pela manhã, numa cidade que tem esse simbolismo e simplesmente encontrar apenas cachorros e gatos circulando pelas ruas. Em quaisquer locais que chego, onde tem o apelo turístico, tem algo além do símbolo da cidade. Não vou listar aqui nomes de cidades para não transparecer que eu não sou.

É inadmissível, também, uma cidade que tem uma das mais simbólicas festas de São Sebastião do país, restringir-se apenas ao dia 20 de janeiro, com algumas atividades da Igreja, nos dias que precede. Qualquer ser humano, que observasse o valor desta festa saberia que seria absolutamente obrigatório haver atividades durante todo o mês de janeiro, mesmo que fossem apenas nos finais de semana.

Atualmente, com as alternativas de transportes e a competição vizinha de Epitaciolândia, não é possível atrair todo mundo que deseja visitar Xapuri, nesse período, apenas no dia 20 de janeiro, como acontecia há 50 anos, que o público tinha um perfil bem diferente do de hoje.

Assim, também, vale para o aniversário da cidade, etc. E os sábados e domingos pela manhã precisam de atrativos. Evidente que faz tempo que não vou lá. Mas, a última vez que passei, umas nove horas da manhã, só observei cachorros e gatos passeando pelas ruas, em plena nove horas.

Então. Quando observo o sentido da proposta de restauração do Ponto Chic fico muito alegre com as possibilidades que podem surgir a partir daí. Aonde, além da reabilitação de um espaço histórico (per se seria mais uma atração, além do cemitério), onde poderia realizar exposições permanentes, combinadas com outras temporárias, também poderia agregar uma série de outras atividades no seu entorno, como os próprios bailes (que envolve as pessoas que não mais moram lá), reuniões, seminários, etc., e mais uma lista que o próprio Rubinho e o Carlos Estevão já listaram, como partidas de futebol com estes pré-históricos. Alguém precisa fazer um calendário permanente destas atividades para Xapuri....

O que desfrutamos, aqui (Rio), e pagamos para usar, nas casas de Rui Barbosa, casas dos cambais, é uma coisa impressionante.

Claro, que uma ideia dessa, um movimento desse, pode ser completamente estorvado por contra ideias, a propósito de demarcar espaço, ou mesmo transmitindo indelevelmente discussões contrárias que acontecem em bastidores. O que não deixa de ser normal; o ser humano sempre foi assim.

Como seria fenomenal que uma ideia dessa pudesse vingar e não aparecesse alguém, de modo desastrado, procurando convencer que isso não seria possível. Aê 2012 poderia colocar logo um fim neste mundo e deixar a turística Xapuri a mercê de um cemitério, de um chamado complexo turístico e da extraordinária Igreja de São Sebastião. Só não digo que é a mais maravilhosa que conheço, pois aquele complexo de igrejas de Outro Preto é coisa doutro mundo.

Só para não esquecer, tenho de parabenizar o entrevistador e o entrevistado, que dentro deste grupo, fazem todo o esforço do mundo, mobilizando gente, por algo sensacional, mesmo que apareça alguma sumidade e comece a realçar os obstáculos, as dificuldades, etc.

José Porfiro é professor da UFAC (jporfiro@yahoo.com.br)