Questão de Lei, Entendimento e Bom Senso.

Há alguns dias foi publicada uma postagem no blog Xapuri Agora, assinado pelo colega blogueiro Raimari Cardoso, que causou muita polêmica entre a comunidade evangélica xapuriense. Na postagem, o professor Náder Sarkis faz um desabafo de seu “estarrecimento” com a utilização de um carro oficial para fins não-oficiais, na ocasião, uma carreata realizada pela Igreja do Evangelho Quadrangular.

Pois bem, em minha visita à Xapuri, no último final de semana, me deparei com uma situação diferente relacionada à mesma igreja, Quadrangular, e à mesma instituição, a Polícia Militar. Aconteceu que quem precisou se deslocar ao centro de Xapuri na noite de domingo, pela Rua 24 de Janeiro, teve que desviar sua rota, já que a rua havia sido interditada pela Polícia Militar por estar acontecendo o culto de domingo da Igreja Quadrangular.

Desviar o caminho foi o que fiz, mas aquela ocasião atípica aflorou minha curiosidade e então busquei me informar se por acaso estaria acontecendo um grande evento da igreja ou se o culto daquele domingo seria realizado no meio da rua. Fui então informado por alguns conterrâneos de que não haveria nenhum tipo de evento especial e que o culto é realizado dentro da igreja, mas que seria normal a interdição e outros “agrados” da polícia para aquela instituição religiosa, tendo em vista que alguns dos policiais mais graduados de Xapuri são também fiéis daquela igreja.

Antes que alguém queira distorcer os fatos, não estou questionando a instituição, os preceitos ou doutrinas da Igreja Quadrangular, assim como não desrespeito o direito que os policiais ou qualquer outra pessoa têm de frequentar e seguir qualquer igreja, afinal, vivemos em um estado laico. Quero deixar claro que a questão aqui não é de cunho religioso, mas institucional.

O fato é que se faz necessário que nosso policial, ao vestir sua farda, entenda que está representando, a partir dali, a figura do Estado e, assim como a Constituição Federal considera inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos, ela também veda o Estado de estabelecer cultos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança.

Portanto, o tratamento dado pela nossa gloriosa Polícia Militar tem que ser igual para todas as denominações religiosas, não se pode privilegiar uma em detrimento das outras, nunca vi, por exemplo, as ruas da Igreja Católica ou da Assembléia de Deus serem interditadas numa missa ou culto de domingo. Finalizo essa postagem afirmando que, assim como o professor Náder, acredito sempre nas autoridades competentes de Xapuri e do Acre e também espero que fatos como estes não se repitam, pois estão errados.

É apenas uma questão de lei, entendimento e bom senso.