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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Caminhos do Grupo "Filhos e Amigos de Xapuri"

Como já foi avisado aos amigos-leitores, continuo em fase final de preparação para prestar um concurso público, por isso o blog não vem sendo atualizado com a frequência a qual todos se acostumaram. Mesmo sem muito tempo disponível, não poderia deixar de reproduzir o texto abaixo, assinado pelo xapuriense José Porfiro da Silva.

Caminhos do grupo “Filhos e Amigos de Xapuri”

Escrito por José Porfiro da Silva
18-Abr-2012

Durante quatro anos em que estive fora do Acre, acompanhei com imensa curiosidade a troca de ideias dentro de um grupo que agora se chama “Filhos e Amigos de Xapuri”. Este grupo tem uma motivação que é alimentada por um das características intrínsecas da própria humanidade: o desejo de voltar aonde tudo começou, seja dando sobrevida às reminiscências da complicada vida real, seja procurando satisfazer indecifráveis curiosidades. É a nostalgia da terra que ficou para trás, que se manifesta de infinitas maneiras.

Já circulou informações num antigo site, denominado de “xapurionline”, no qual, além de muitas fotos, foram postados vários textos sobre Xapuri. No mesmo período, e-mails circulavam em demasia. As tecnologias impuseram novas dinâmicas. Agora, meninos, meninas, rapazes, moças, senhores e senhoras veem fotos, leem notícias e notinhas nas redes sociais. Quase todos são membros do grupo “Filhos e Amigos de Xapuri”, no facebook.

A última reunião, deste grupo, aconteceu no último dia sete, lá mesmo em Xapuri: (I) contação de causos, (II) apresentação do projeto de restauração do Ponto Chic, (III) início de formalização do grupo, etc. Infelizmente não tive o prazer de estar presente, como fizeram João Garrinha, Rubinho, dona Vicência, Antônio Ferraz, profª Deyse Pinheiro, Ofélia Valle, Dra. Diana, e muitos outros.

Mesmo assim, captamos no facebook que, dentre os causos, foram contados o (a) da revolução de Antônio Bucheiro, (b) do vandalismo na Praça Getúlio Vargas (Nencau, Décio e Ferraz arrancaram os bancos da praça e os primeiros postes da cidade). Também me disseram que tudo foi gravado. Nossa, que pessoal organizadinho.

A propósito, intrometendo-me, vou sugerir a este grupo, que no próximo ano tenha nova “contação de causos”, com a publicação de um folheto com os que foram contados este ano. Não sei contar nada, entretanto, poderei ouvir atentamente todas as novas estórias do Xapuri antigo.

Mas, o grupo não se restringe apenas em contar causos. Também foi apresentado, neste mesmo encontro, um projeto de restauração do Ponto Chic. É uma ideia que já vem sendo debatida há mais de um ano. Parece-me mais revolucionária do que a de Antônio Bucheiro.

Dentre outros detalhes desta restauração, fiquei prendido ao espaço de memórias, onde estariam alguns painéis com fotos de dezenas de xapurienses das décadas de quarenta, cinquenta e sessenta.

Como não é possível descrever todo o projeto de restauração, só este espaço de memórias incitaria muitos amigos e filhos de Xapuri a visitar aquela cidade.

Agregado ao encontro do grupo, promove-se regulamente uma quase tradicional seresta, que acontece no próprio Ponto Chic, a cargo de músicos xapurienses dos anos quarenta e cinquenta, todos ainda completamente lúcidos. Tudo indica que esta permanecera acontecendo regularmente.

Este grupo, “Filhos e Amigos de Xapuri”, deixar-me-ia muito contente se conseguisse apenas a restauração do Ponto Chic, somado com as ideias que o acompanhariam: memorial, salão de festas, etc. Claro, se está ideia se concretizar, muitos outras possibilidades se abrirão.

Interessante que todos têm consciência que é um caminho que ainda está se construindo. É bem sabido que caminhos nestas condições podem se abrirem ou se fecharem repentinamente – é a incerteza do futuro que o grupo está condenado a carregar. Além disso, ideias deste tipo são projetos coletivos.

Seus idealizadores originais necessariamente perdem inteiramente, logo de início, o controle dos desdobramentos futuros. Se isso não acontecesse, a ideia teria pouco sentido. É necessária muita gente discutindo, dialogando, participando e se fazendo presente, preferencialmente com os mesmos propósitos, quando possível; com ideias diferentes.

Isso é tão verdadeiro, que já tivemos mais de uma dezena de manifestações escritas. Lamentavelmente não podemos resgatá-las na totalidade, desde as manifestações encaminhadas por e-mail e postadas por Rubens Santana (Rubinho), no site “xapurionline”.

Fazendo uma seleção dos escritos deste movimento, podemos começar pelas notas do prof. de história, Sérgio Roberto, “Ponto Chic restaurado e democratizado”, publicado em 31-12-2011, no blog “Xapuri Agora!”.

Para Sérgio Roberto, a ideia de restauração seria algo bom, no entanto, passível de ressalvas. Para ele, historicamente, o Ponto Chic sempre foi um espaço de exclusão. Nesse sentido, sua restauração deveria ser acompanhada por ações que o tornasse democrático: “Vamos nos mobilizar para que o espaço seja restaurado, no entanto, que não se promova uma ‘assepsia’ de sujeitos sociais. [...] Revigorar o ‘Ponto Chic’ pode ser uma ótima opção, se democratizarmos o acesso ao clube.”

Embora, no final do texto, o prof. Sérgio Roberto tenha afirmado “que não é contrário a ideia, apenas fez algumas ressalvas”, confesso que não compreendi o motivo pelo qual ele levantou a questão nestes termos, num contexto que tende nitidamente noutra direção.

No mesmo blog, o prof. Carlos Estevão fez publicar, entre outras, “Reflexões sobre Xapuri”, em 12-07-2011, procurando expressar uma leitura do quadro político da cidade.

Na mesma direção, Rubens Santana, no blog “Maxsuel Xapuri”, teve a oportunidade de expor, por duas vezes, as principais idéias-força do movimento “Filhos e Amigos de Xapuri”. Em 04-01-2012, na coluna “Papo Xapuriense”, e, em 03-03-2012, no texto “Grupo ‘Filhos e Amigos de Xapuri’ se mobiliza nas redes sociais”. Nestas duas exposições – uma entrevista e um texto – podem ser encontrado as lógicas interna e externa do movimento.

Outro texto especial foi escrito por José Cláudio Mota Porfiro, nosso colega da UFAC, em 26-02-2012, com o título “Um centro cultura para Xapuri”, publicado no Jornal A Gazeta: “a ideia que norteia o projeto da construção do Centro Cultural de Xapuri tem base na revitalização do antigo Bilhar Clube e na necessidade de um uso efetivo dos espaços a partir de políticas públicas que tenham foco, principalmente, na extrema utilidade social de uma casa de cultura que tenha vida real.”

Todas estas manifestações vão moldando as ações e direções do movimento “Filhos e Amigos de Xapuri”. Todos têm a percepção de que a situação de nossa città natale não é das melhores. Por um lado, isto é um aspecto negativo, mas por outro, talvez seja um dos motivos instigadores do grupo, que por meio da nostalgia da terra que ficou para trás, procuram encontrar as justificativas para voltarem as suas origens. De toda sorte, parece que nas últimas semanas todos estão animados a continuarem caminhando.

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