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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

TelexFria


Por Carlos Estevão:

Nos últimos tempos acreanos tenho sido indagado sobre a pirâmide modernosa denominada “TelexFree”. Os questionamento geralmente acontecem nas aulas de Economia que ministro na UFAC e/ou através do Facebook. Também devo assinalar que familiares já solicitaram minha opinião sobre.

Aos que perguntam sobre “o que acho”, tenho afirmado, até com bastante assertividade, que se trata de uma pirâmide. E que, no longo prazo, como todas as pirâmides que já apareceram no Brasil, não se sustentará (teve a do “avestruz”, do “boi voador”, a “bahiana” – que quase faliu uma cidade inteira, entre várias).

Na universidade os alunos geralmente concordam com alguns argumentos que apresento. Outros não, como é normal na academia. Pelas bandas de lá o debate tem sido interessante. Entretanto, no Facebook as reações não são tão amistosas. Nas vezes em que parei o que estava fazendo para postar pequenos comentários sobre a tal pirâmide a coisa “ficou braba”. Já fui até chamado de “fdp”. Alguns “aplicadores” me excluíram (o que achei muito bom), outros, se dispuseram a “fazer uma palestra sobre a oportunidade maravilhosa de ficar rico com o TelexFree”. Respondi: “eu não quero ficar rico, amigo, isso não me importa”.

Eu penso que o Telexfree é uma fria. Portanto: Telexfria. Como toda pirâmide, quem está na “ponta” certamente ganhará algum (a empresa do ES ganhará muito – está ganhando). Entretanto, a maioria (base) perderá quando a “casa cair”. Esse tipo de “coisa” se sustenta enquanto a confiança de lucros extraordinários se mantiver. Quando a confiança acabar (já está balançando), a pirâmide ruirá. E aí a grande massa de “investidores” perderá totalmente ou parcialmente o valor investido. É questão de tempo.

Exatamente para não abalar a confiança os “investidores” fazem de tudo para convencer outros a entrarem “no jogo”. Essa é a lógica. Até sorteio de celular (e outros objetos) para estimular novos entrantes estão fazendo em Rio Branco. O movimento é aumentar a base, cada vez mais, o mais rápido possível. Só assim, quem entrou primeiro poderá ganhar algum. Reside nesse movimento minha principal crítica.

O problema é que muitos pais de família estão sendo convencidos a entrarem nesse “jogo” (sujo), comprometendo as poucas economias que possuem. Poupanças, carros, e inclusive casas estão sendo vendidas para realizar o “investimento”. A esperança de lucros extraordinários realmente é um forte estimulo.

Acho que não me incomodaria se apenas a burguesia acreana, os “filhinhos de papai”, o “alto clero”, os “de cima” estivesse jogando esse “jogo”. Mas não é isso que está acontecendo no Acre. A maioria dos “de “baixo", as pessoas mais humildes, aqueles que não tiveram oportunidades de obterem instrução formal, os mais pobres enfim estão sendo bombardeados de estímulos para entrarem na pirâmide. São as presas preferenciais. Muitos já venderam objetos pessoais. No interior do Acre se comenta que até residências foram vendidas por alguns. Como se não bastasse o “Acre CapLegal” (um bingo desfaçado de titulo de capitalização que retira dos mais pobres, toda semana, R$ 10,00 do pão e do leite.). Por isso não posso me calar.

No Acre uma das estratégias mais utilizadas para convencimento dos mais pobres é afirmar que figuras importantes da sociedade estão no “TelexFree”, e ganhando muito. Outra estratégica comum é informarem que um amigo próximo já ganhou R$ 60.000,00, R$ 30.000,00, etc. Tudo lorota. 
Mas numa sociedade onde valoriza-se o “ter”, em detrimento do “ser”. Em uma “sociedade excitada” onde “para ser é necessário ser visto”, o que esperar?

Carlos Estevão Ferreira Castelo é xapuriense dos bons e professor de Economia na Universidade Federal do Acre.

Um comentário:

  1. Texto muito bom. Parabéns, amigo. Bom saber que em cada canto do país tem uma mente pensante. Assim me sinto mais esperançoso.

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