MURRO EM PONTA DE FACA

O candidato a uma vaga para o senado federal João Correia entrou nessa quinta-feira no sexto dia da greve de fome que está fazendo em frente ao palácio do governo, o candidato protesta contra a decisão do TRE que negou o pedido de perícia da fita em que João Correia aparece trocando socos e chutes com o jornalista Demóstenes Nascimento, segundo Correia, a fita foi amadoramente adulterada e uma períca técnica provaria isso facilmente. O TRE negou o pedido por duas vezes e seu presidente, o desembargador Arquilau de Castro Melo, disse que o tribunal já fez o que estava a seu alcance.

O que deve ser observado é o fato do candidato João Correia ser um político de oposição, daqueles que não têm medo de dizer o que pensa, um dos poucos políticos acreanos que batem de frente com poderosos caciques locais e que anda pagando caro por isso. O Acre vem se tornando a alguns anos uma terra sem leis, um lugar de abusos e perseguições, quase uma ditadura, todos sabem e vêem isso, mas poucos têm a coragem de tomar uma atitude e tentar reverter esse quadro de autoritatismo total.

Não entrarei aqui no mérito do caso da fita, não sou advogado e nem tenho embasamento teórico pra isso, mas como cidadão acreano vejo em casos como esse que não existe mais nesse estado a interdependência entre os poderes, o executivo, leia-se o PT e a frente popular, exercem grande influência no judiciário e nas decisões tomadas por este, no legislativo então essa influência é total, o executivo aprova o que quer e veta o que não quer com a maior facilidade na ALEAC. Dentro dessa perspectiva, atos como o de João Correia constiui-se em desespero puro, desespero de quem sente na pele a força do "Executivo" local, força essa que não irá acabar com uma simples greve de fome, infelismente, no cenário político atual, bater de frente é dar murro em ponta de faca.