Barris de Pólvora

A tragédia ocorrida na boate Kiss abalou o país inteiro e levantou novamente o debate sobre a segurança nos mais variados locais de festa espalhados pelo Brasil. O velho costume de só procurar fechar a porta depois que o ladrão já entrou se mostra mais uma vez como característica marcante do brasileiro, foram ceifadas 231 vidas para que a sociedade se desse conta do risco que corre cada vez que entra numa casa noturna procurando diversão.

No Acre possuímos exemplos emblemáticos da falta de responsabilidade e juízo de empresários e autoridades, como bem alerta o jornalista Altino Machado em sua página no facebook: "A badalada boate Posch Club funciona na base de uma torre da linha de transmissão da Eletronorte, na Estrada Dias Martins, em Rio Branco, dentro da faixa de servidão, que é o espaço de terra determinado como necessário, em função das características elétricas e mecânicas, para garantir o bom desempenho da linha, inspeção, manutenção e segurança das instalações e das pessoas. Outra boate, em Rio Branco, funciona em posto de gasolina. Era Diesel, agora é Set7. Terra sem lei é assim!".

As duas boates citadas pelo Altino, que aparecem nas imagens acima, são dois barris de pólvora prestes a explodir, afinal, incêndios e explosões não são incomuns em postos de gasolina, assim como o rompimento de cabos e a queda de torres de transmissão. Mas, segundo as autoridades acreanas, as duas casas não oferecem risco aos frequentadores, por isso não tiveram problema em conseguir os alvarás de funcionamento, apesar da localização bizarra.

Em Xapuri a situação não é muito diferente. Durante anos, as melhores (para não dizer únicas) opções de diversão sempre estiveram localizadas nos barrancos do desgastado Rio Acre. O Mirantes Bar, local de festa mais famoso da cidade, "oferecia" aos frequentadores uma estrutura com piso de madeira sustentado por estacas fincadas ao barranco, funcionando inclusive em épocas de cheia, quando quase dava pra tocar a água enquanto se dançava. Por sorte ou ação divina, o Mirantes não resistiu à força da última cheia e fechou suas portas sem que nada de grave acontecesse.

Os dias vindouros não podem trazer apenas luto e dor, precisam trazer também ações firmes e sérias das autoridades. Tragédias anunciadas podem ser evitadas, basta fazer cumprir a legislação, fiscalizar com responsabilidade e punir com rigor os que desobedecerem as regras de segurança. 

As fotos foram copiadas dos blogs de Altino Machado e Raimari Cardoso.